|
Fátima, Sinal de Esperança para
o Nosso Tempo
Carta Pastoral da Conferência
Episcopal Portuguesa no Centenário das Aparições
de Nossa Senhora em Fátima
No centenário das aparições da Virgem
Maria, em Fátima, desejamos dar graças a
Deus por nos permitir viver este acontecimento, que nos
enche de júbilo, e reafirmar a atualidade da sua
mensagem para a revitalização da nossa fé
e do nosso compromisso evangelizador.
O acontecimento centenário de Fátima
As aparições
As aparições tiveram lugar na Cova da Iria,
no ano de 1917, com três crianças entre os
sete e os dez anos de idade, Lúcia, Francisco e
Jacinta, como protagonistas. O contexto nacional e internacional
era dramático: Portugal atravessava uma crise política,
religiosa e social profunda e a Europa estava, como nunca
antes na sua história, imersa numa guerra mundial,
em que também o nosso país estava envolvido.
No ano de 1916, as mesmas crianças já tinham
sido testemunhas de três manifestações
de um anjo que se apresentou como Anjo da Paz e Anjo de
Portugal. Em 13 de maio de 1917, foram testemunhas da
aparição da Senhora «mais brilhante
que o sol»[1] no cimo de uma azinheira. Convidou-as
a regressar àquele mesmo lugar no dia 13 dos meses
seguintes, até outubro. E ao longo destes encontros,
comunicou-lhes uma mensagem de misericórdia e paz,
depois transmitida através dos interrogatórios
a que as crianças desde o princípio foram
submetidas e das Memórias escritas pela Lúcia
anos mais tarde.
Assim que a notícia se divulgou, multiplicaram-se
as reações. Muitos acorreram ao local, dando
crédito ao testemunho das crianças; mas
houve também dúvidas, incompreensões
e mesmo perseguições, que tantos sofrimentos
causaram aos pastorinhos. Entretanto, eram cada vez mais
os que acorriam no dia de cada aparição,
sempre a 13 de cada mês, à exceção
de agosto, em que a aparição foi adiada
uns dias, devido à prisão dos videntes.
A última deu-se a 13 de outubro, na presença
de cerca de setenta mil pessoas, umas crentes, outras
céticas, para verem o sinal prometido pela Virgem,
o chamado “milagre do sol”, divulgado pela
imprensa da época.
Poucos anos depois, os três videntes deixam a sua
terra: os dois mais novos, os irmãos Francisco
e Jacinta, morrem de uma epidemia de gripe, respetivamente
em 1919 e 1920; a sua prima Lúcia, aconselhada
pelo bispo de Leiria, afastou-se em 1921 para iniciar
a sua formação, acabando por se recolher
à vida religiosa. Faleceu em 2005, no Carmelo de
Santa Teresa, em Coimbra.
A fama de santidade de Francisco e de Jacinta cedo se
espalhou pelo mundo inteiro e foram beatificados no ano
2000, sendo as primeiras crianças não-mártires.
Em 2008 iniciou-se o processo de beatificação
de Lúcia, abreviando, por concessão do papa
Bento XVI, os prazos canónicos requeridos.
A receção do acontecimento e da mensagem
de Fátima
No acontecimento de Fátima teve um papel decisivo
o sensus fidei dos batizados, cuja função
eclesial foi destacada pelo Concílio Vaticano II
e revalorizada pelo papa Francisco: «Como parte
do seu mistério de amor pela humanidade, Deus dota
a totalidade dos fiéis com um sentido da fé
– o sensus fidei – que os ajuda a discernir
o que vem realmente de Deus. A presença do Espírito
confere aos cristãos uma certa conaturalidade com
as realidades divinas e uma sabedoria que lhes permite
captá-las intuitivamente»[2].
O povo fiel de Deus começou desde muito cedo a
reunir-se ao pé da azinheira para rezar. E em 1919
torna possível a edificação de uma
capelinha, como havia pedido Nossa Senhora. É ele
quem responde com atos de desagravo aos ataques e profanações
dos adversários, de que é exemplo a dinamitação
da capelinha, em 6 de março de 1922. A capela foi
novamente reerguida e consagrada em 13 de janeiro de 1923.
Paulatinamente, foram-se ampliando e consolidando o culto
e as práticas de piedade naquele lugar.
Finalmente, o bispo de Leiria, D. José Alves Correia
da Silva, apoiando-se no Relatório de uma Comissão
Canónica por ele nomeada, publicou, em 13 de outubro
de 1930, a Carta Pastoral «A Providência Divina»
sobre o Culto de Nossa Senhora de Fátima, declarando
como dignas de crédito as visões das três
crianças e permitindo oficialmente o culto de Nossa
Senhora do Rosário de Fátima. Nas palavras
do cardeal D. Manuel Gonçalves Cerejeira, «não
foi a Igreja que impôs Fátima, foi Fátima
que se impôs à Igreja»[3]. De facto,
a devoção a Nossa Senhora do Rosário
de Fátima e a espiritualidade que brota da sua
mensagem rapidamente passaram a marcar a pastoral da Igreja
em Portugal e em todo o mundo.
A mensagem é essencialmente um dom inefável
de graça, misericórdia, esperança
e paz, que nos chama ao acolhimento e ao compromisso.
Esta interpelação à Igreja a que
responda ao dom misericordioso de Deus está profundamente
vinculada aos dramas e tragédias da história
do século XX, mas conserva ainda a mesma força
e exigência para os crentes do nosso tempo.
Em sintonia com a piedade do nosso povo e sob a iluminação
do Espírito Santo, nós, os bispos, sentimos
a responsabilidade de aprofundar o significado deste acontecimento,
de destacar a sua atualidade para a nossa vida cristã
e de explicitar as suas potencialidades para nutrir a
nossa conversão espiritual, pastoral e missionária.
Uma bênção para a Igreja e para o
mundo
Dom e interpelação
O ciclo das aparições de 1917 encerrou em
13 de outubro e as últimas palavras do relato de
Lúcia, na sua “Quarta Memória”,
falam da bênção então dirigida
ao mundo: «Desaparecida Nossa Senhora, na imensa
distância do firmamento, vimos, ao lado do sol,
S. José com o Menino e Nossa Senhora vestida de
branco, com um manto azul. S. José com o Menino
pareciam abençoar o Mundo com uns gestos que faziam
com a mão em forma de cruz. Pouco depois, desvanecida
esta aparição, vi Nosso Senhor e Nossa Senhora
[…]. Nosso Senhor parecia abençoar o Mundo
da mesma forma que S. José»[4].
Esta bênção vinha sendo anunciada
pelos pastorinhos desde os meses precedentes[5]. E não
era algo apenas para eles, mas para a humanidade inteira.
Essa bênção era a motivação
de quanto estava a acontecer e permite-nos penetrar no
núcleo da iniciativa de Deus que, na presença
cheia de luz e de beleza da Virgem Maria, mostrava a sua
proximidade misericordiosa, junto do seu povo peregrino.
No meio de situações verdadeiramente dramáticas,
quando muitos contemporâneos estavam dominados pela
angústia e a incerteza, quando a força do
mal e do pecado parecia impor o seu domínio, a
Virgem Maria faz brilhar em todo o seu esplendor a vontade
salvífica de Deus, uma bênção
que revela a extensão da sua ternura a todas as
criaturas. O seu convite à conversão, à
oração e à penitência pretende
desbloquear os obstáculos que impedem os seres
humanos de experimentar uma bondade que procede de Deus
e foi depositada no coração humano.
A Virgem Maria, Mãe de Deus e nossa mãe,
sai ao encontro dos seus filhos peregrinos a partir da
glória da ressurreição de seu filho
Jesus, para lhes oferecer consolação, estímulo
e alento. Envolvidos por essa bênção,
os três pastorinhos mostraram-se dispostos, pela
boca de Lúcia, a serem louvor da glória
de Deus[6] e a entregarem-se plenamente aos desígnios
de misericórdia que Deus manifestava através
das aparições.
Bênção e interpelação
para a Igreja em Portugal
Esta bênção derramou-se sobre o nosso
povo, que a tem acolhido e agradecido de forma constante
e variada. Desde muito cedo, os portugueses encontraram
no Santuário de Fátima, em volta da Capelinha
e da Basílica de Nossa Senhora do Rosário,
consagrada em 7 de outubro de 1953, uma casa maternal[7],
na qual se sentem acolhidos, compreendidos, consolados,
perdoados, reconfortados e renovados. O Santuário
de Fátima converteu-se no coração
espiritual de Portugal[8], tornando-se um dos traços
identificadores do nosso catolicismo, como um carisma
da nossa Igreja em sintonia com o carisma dos três
pastorinhos.
Esta singular ligação da Igreja em Portugal
a Fátima tornou-se patente na consagração
de Portugal ao Imaculado Coração de Maria,
em 13 de maio de 1931, por ocasião da primeira
peregrinação nacional. E manifestou-se mais
recentemente, de 13 de maio de 2015 a 13 de maio de 2016,
quando a Imagem Peregrina percorreu as nossas dioceses.
Foi um convite à jubilosa celebração
do centenário das suas aparições
em Fátima e, simultaneamente, uma refontalização
espiritual e pastoral, no compromisso com a sua mensagem.
Ao longo de todos estes cem anos, a peregrinação
a Fátima revitalizou a fé de muitos crentes
cansados, suscitou a conversão de muitos corações
endurecidos, reafirmou a pertença eclesial de muitos
batizados desorientados, tornou possível que muitos
indiferentes redescobrissem o Evangelho, suscitou uma
religiosidade que plasmou a vida de grande parte do nosso
povo. As peregrinações a nível individual
e comunitário têm sido experiências
de Deus e ocasiões para o louvor, estímulo
para nos abrirmos à sua vontade e para a realização
da nossa conversão permanente.
Fiel à missão de difundir e aprofundar a
mensagem de Fátima, o Santuário tornou-se
espaço de acolhimento para quantos o procuram,
solidário com as necessidades e as angústias
do mundo. Hoje, é sobretudo lugar de oração
mas também polo de dinamização cultural,
centro eclesial de reflexão teológica, a
partir dos acontecimentos de há cem anos e dos
desafios que eles continuam a propor à Igreja.
Bênção e interpelação
para a Igreja Universal
Esta bênção alargou-se, entretanto,
a toda a Igreja. Graças a ela, temos podido experimentar
a catolicidade da nossa fé e a comunhão
com todas as Igrejas do mundo, e muito especialmente com
o papa, fundamento da unidade da Igreja, tão presente
na mensagem de Fátima.
É para nós uma graça o reconhecimento
das aparições de Fátima pelos sucessivos
papas na sua ligação a Nossa Senhora do
Rosário de Fátima. Pio XII consagrou o mundo
ao Coração Imaculado de Maria, por ocasião
do 25.º aniversário das aparições,
em 31 de outubro de 1942. São João XXIII
afirmou que as aparições fazem recordar
a «glória divina» num mundo «de
materialismo e de ódio»[9].
O Beato Paulo VI, na solene clausura da terceira sessão
do Vaticano II, em 21 de novembro de 1964, concedeu a
Rosa de Ouro ao Santuário de Fátima, que
ele próprio visitou em 13 de maio 1967, na celebração
do cinquentenário das aparições.
São João Paulo II, além de uma profunda
devoção pessoal a Nossa Senhora de Fátima,
visitou o Santuário em três ocasiões:
em maio de 1982, para agradecer a sobrevivência
ao atentado sofrido no ano anterior; em maio de 1991,
no décimo aniversário do atentado, para
agradecer as surpreendentes mudanças no Leste da
Europa; em 13 de maio de 2000, para beatificar Jacinta
e Francisco e dar a conhecer a terceira parte do segredo
de Fátima. Bento XVI, que já como prefeito
da Congregação para a Doutrina da Fé
tinha contribuído muito significativamente para
a interpretação e o aprofundamento teológico
da mensagem de Fátima, visitou o Santuário
em maio de 2010. E agora esperamos pelo papa Francisco
para a celebração do centenário.
Mas também ele já consagrou o mundo ao Coração
Imaculado de Maria, na Praça de S. Pedro, em outubro
de 2013, diante da imagem de Nossa Senhora de Fátima
que se venera na Capelinha das Aparições
e que, a seu pedido, fora levada a Roma para a Jornada
Mariana no Ano da Fé.
O reconhecimento dos papas tem estado em sintonia com
o sensus fidei do povo cristão a nível mundial.
Em 1947, a imagem da Virgem de Fátima fez-se peregrina,
percorrendo numerosos países como mensageira da
paz e da reconciliação. A sua presença
testemunha a graça que vence sempre o pecado, suscitando,
por onde passa, acolhimento cordial e entusiasmo transbordante.
Mas Fátima tem-se irradiado de múltiplas
outras formas: milhares de igrejas dedicadas a Nossa Senhora
do Rosário de Fátima; em numerosas dioceses
celebra-se o 13 de maio com a recitação
do terço; divulgou-se a prática dos cinco
primeiros sábados e intensificou-se a oração
do Rosário; multiplicaram-se as publicações
para divulgar a mensagem e a espiritualidade de Fátima;
surgiram confrarias, associações e movimentos
diversos sob a invocação de Nossa Senhora
do Rosário de Fátima; a sua imagem é
venerada um pouco por todo o lado; há correntes
de espiritualidade que se alimentam da mensagem de Fátima;
e são numerosos os institutos de vida consagrada
cujo carisma assenta no compromisso com essa mensagem.
Bênção e interpelação
para o mundo inteiro
Esta bênção estendeu-se ao mundo inteiro
como mensagem de esperança e fonte de paz. O convite
à oração e ao compromisso com a construção
da paz sacudiu as consciências no limiar de um século
conflituoso e trágico. Quando a humanidade agonizava
numa violência de alcance mundial, a Virgem de Fátima
veio pedir a oração do Rosário pela
paz, anunciando para breve o fim da guerra e pedindo a
conversão dos homens para que não ocorresse
outro conflito; nesse sentido, que o mundo e a Rússia
fossem consagrados ao seu Coração Imaculado,
sob a promessa de que «por fim, […] triunfará»,
e será concedido ao mundo «algum tempo de
paz»[10].
Ainda hoje, quando vivemos, como diz o papa Francisco,
uma «terceira guerra combatida em episódios»[11],
a mensagem da Senhora de Fátima agita as nossas
consciências para que reconheçamos a tarefa
desta hora histórica: a tarefa de não nos
deixarmos cair na indiferença diante de tanto sofrimento;
de respeitarmos a memória de tantas vítimas
inocentes; de não deixarmos que o nosso coração
se torne insensível ao mal tantas vezes banalizado.
Neste sentido, São João Paulo II recorda-nos
que a «mensagem de Fátima é destinada
de modo particular aos homens do nosso século,
marcado pelas guerras, pelo ódio, pela violação
dos direitos fundamentais do homem, pelo enorme sofrimento
de homens e nações e, por fim, pela luta
contra Deus, impelida até à negação
da sua existência»[12]. Por isso é
que a mensagem de Fátima continua profundamente
atual.
O dom e o convite da mensagem de Fátima
Uma mensagem que nos interpela, hoje
A mensagem de Fátima mostra-nos uma experiência
universal e permanente: o confronto entre o bem e o mal
que continua no coração de cada pessoa,
nas relações sociais, no campo da política
e da economia, no interior de cada país e à
escala internacional. Cada um de nós é interpelado
a corresponder ao chamamento de Deus, a combater o mal
a partir do mais íntimo de si mesmo, a compreender
o sentido da conversão e do sacrifício em
favor dos outros, como fizeram os três pastorinhos,
na sua pureza e inocência.
Voltar a centrar o olhar em Deus Trindade: a atitude adorante
O acontecimento de Fátima está desde o início
centrado em Deus Trindade. A luz e a beleza que irradiavam
da presença do Anjo e da Senhora e inundavam as
três crianças eram as mãos estendidas
de Deus, que na bondade do seu Amor a todos abraça.
A presença de Deus, recorda Lúcia, «era
tão intensa que nos absorvia e aniquilava quase
por completo. Parecia privar-nos até do uso dos
sentidos corporais por um grande espaço de tempo.
[…] A paz e felicidade que sentíamos era
grande, mas só íntima, completamente concentrada
a alma em Deus»[13].
Esta experiência tão íntima de Deus
não deve ser entendida como simples perceção
extraordinária do sagrado ou do mistério.
Deus não é simplesmente o arquiteto do mundo
ou a chave para explicar a realidade. Deus é Pessoa
viva que está próxima das suas criaturas.
Os pastorinhos foram protagonistas de um encontro pessoal
com Alguém que vinha ao seu encontro, desvelando
os seus desígnios de misericórdia: foi assim
que compreenderam «quem era Deus, como [os] amava
e queria ser amado»[14]. Esse Deus que ama e quer
ser amado é a Trindade, «que [os] penetrava
no mais íntimo da alma»[15]. E por isso à
Trindade Santa é dirigida uma das orações
mais originárias e genuínas de Fátima:
«Santíssima Trindade, Pai, Filho, Espírito
Santo, adoro-Vos profundamente…»[16].
O encontro com Deus é vivido pelas três crianças
como fonte de profunda felicidade e alegria. A oração
brota, por isso, de modo espontâneo na sua intimidade,
como uma disposição constante que há
de manter vivo um diálogo que transformara definitivamente
as suas vidas. E, desde o princípio, sentem que
a adoração é o modo de estar diante
d’Aquele que está acima de todos os ídolos
que pretendem seduzir os seres humanos.
Contemplação, compaixão e anúncio:
os carismas dos videntes
Francisco, Jacinta e Lúcia viveram o espírito
de adoração de distintos modos, igualmente
profundos, que deixam aflorar a sua experiência
mística. Os diferentes carismas de cada um marcarão
profundamente a espiritualidade de Fátima e continuam
a atrair e a contagiar os peregrinos.
Francisco reconhece simultaneamente a transcendência
de Deus e o júbilo pela sua presença. Confessa:
«do que gostei mais foi de ver a Nosso Senhor, naquela
luz que Nossa Senhora nos meteu no peito. Gosto tanto
de Deus!»[17]. Sente-se «a arder, naquela
luz que é Deus […]. Como é Deus! Não
se pode dizer!»[18]. Esta união com Deus
fá-lo perceber a dor que lhe provocam as ofensas
humanas. Dá-lhe pena por «Ele estar tão
triste» e, por isso, brota nele a resposta enternecedora:
«Se eu O pudesse consolar!»[19].
Jacinta era especialmente sensível a Cristo crucificado,
que para ela condensava o amor de Deus e suscitava, por
isso, uma imensa gratidão: «enterneceu-se
e chorou» ao contemplá-lo, «porque
morreu por nós»[20]. É assim levada
a desenvolver um diálogo constante de amor: gosta
tanto de Jesus e de sua Mãe que não se cansa
de lhes dizer que os ama[21]; busca a solidão para
«estar muito tempo sozinha, a falar com Jesus escondido»[22].
Lúcia assumirá como missão da sua
vida transmitir a todos o amor de Deus manifestado no
Coração Imaculado de Maria[23]. Viverá
para recordar ao mundo, não a miséria do
que existe, mas a grandeza da misericórdia divina,
deixando assim transparecer «o que as aparições
de Nossa Senhora, na Cova da Iria, tinham de mais íntimo»[24].
É na fidelidade a esta missão que, mesmo
a partir da clausura da sua vida monástica, dará
testemunho ao mundo de que o segredo da felicidade é
viver no amor[25].
Ícone de ternura e de misericórdia: a presença
de Maria
O protagonismo de Deus Trindade na nossa história,
a sua proximidade e a sua providência tornam-se
visíveis na Virgem Maria, de modo mais concreto
no seu Coração Imaculado. Para os pastorinhos,
o coração da Senhora era o Santuário
do seu encontro com Deus: «Não nos diz o
Sagrado Evangelho que Maria guardava todas as coisas em
Seu coração? E quem melhor que este Imaculado
Coração nos poderia descobrir os segredos
da Divina Misericórdia?»[26]. Esse coração
é o “lugar” onde experimentavam a luz
divina e a mensagem lhes era comunicada: «O que
seria, se soubessem o que Ela nos mostrou em Deus, no
seu Imaculado Coração, nessa luz tão
grande!»[27]. A misericórdia de Deus, o palpitar
do seu coração diante dos pecadores e dos
desgraçados, encontra um ícone privilegiado
no coração de Maria. Neste coração
imaculado reflete-se a força da graça, a
ação do Espírito, que no momento
da anunciação a cobriu com a sua sombra,
e já desde a sua conceção tinha antecipado
nela a ação redentora do mistério
pascal: é eleita para ser «Mãe de
Deus “toda santa” e “imune de toda a
mancha de pecado”, visto que o próprio Espírito
Santo a modelou e dela fez uma nova criatura»[28].
O coração da Mãe é verdadeiramente
ícone da «graça e misericórdia»,
as palavras que, na aparição de Tuy, em
13 de junho de 1929, ilustram a visão da Trindade,
que Lúcia acolhe; duas palavras que tão
bem condensam a mensagem de Fátima. Por isso, a
devoção ao Imaculado Coração
de Maria converteu-se num traço característico
da espiritualidade de Fátima.
O facto de Maria se tornar presente corresponde ao dinamismo
da história da salvação e ao papel
que a Virgem desempenhou no mistério da encarnação[29].
Tendo colaborado de forma totalmente singular com a obra
do Salvador, a sua missão maternal para com os
homens perdura sem cessar na economia da graça.
Com a sua assunção aos céus, não
abandonou esta missão: continua, com mais intensidade,
a cuidar dos irmãos de seu Filho que peregrinam
neste mundo, entre angústias e perigos, e procura,
com a sua intercessão, alcançar os dons
da salvação, mostrando assim a eficácia
da mediação única e insuperável
de Jesus Cristo[30]. A partir do seu estado glorioso,
Maria mostra, nas suas aparições, o significado
sempre permanente da Páscoa, o constante triunfo
da graça e da misericórdia.
Deste modo, na Virgem Maria, no seu coração
materno, transparece a vontade misericordiosa de um Deus
Trindade que não é indiferente à
situação das suas criaturas, que não
abandona o pecador na sua culpa, que não esquece
os desgraçados no seu sofrimento, que não
ignora as vítimas e os excluídos, que sempre
oferece o seu perdão e a sua consolação,
que abre sempre a porta da esperança, quando os
seres humanos se fecham no seu egoísmo ou na sua
inconsciência.
O convite à conversão e ao combate contra
o mal: uma mensagem profética
De entre os sinais dos tempos, afirmou São João
Paulo II, «sobressai Fátima, que nos ajuda
a ver a mão de Deus, guia providente e Pai paciente
e compassivo também deste século XX»[31].
Por sua vez, Bento XVI reforçou este aspeto dizendo
que Fátima é a «mais profética
das aparições modernas»[32]. De facto,
denuncia as máscaras do mal, que provoca no mundo
tanta dor injusta e atinge, por vezes, os membros da Igreja:
por um lado, os mecanismos que conduzem à guerra,
o ateísmo que quer apagar as pegadas de Deus neste
mundo, os poderes económicos que não buscam
mais que o seu próprio benefício à
custa dos pobres e dos débeis, a perseguição
contra a Igreja e contra os santos que se opõem
aos ídolos criados pelos interesses humanos; por
outro lado, a hipocrisia ou a infidelidade daqueles que,
na Igreja, se deixam dominar pela apatia ou pelo espírito
mundano: a comodidade, a corrupção ou a
busca de poder. O sofrimento da Igreja, dizia Bento XVI
a caminho de Fátima, vem também do pecado
que existe na Igreja, pelo que necessitamos de aprender
a penitência, aceitar a purificação,
pedir perdão[33].
A mensagem de Fátima é um veemente apelo
à conversão e à penitência.
O pedido repetido para que os homens não ofendam
mais a Deus, a tristeza de Nossa Senhora como expressão
da não indiferença diante dos pecados cometidos,
o convite à oração e ao sacrifício
pelos pecadores são simultaneamente denúncia
do mal, apelo à conversão e afirmação
categórica do amor de Deus. Como afirmava o cardeal
Ratzinger, no comentário teológico ao segredo
de Fátima, a «palavra-chave desta [terceira]
parte do ‘segredo’ é o tríplice
grito: “Penitência, Penitência, Penitência!”
Volta-nos ao pensamento o início do Evangelho:
“Pænitemini et credite evangelio” (Mc
1, 15). Perceber os sinais do tempo significa compreender
a urgência da penitência, da conversão,
da fé»[34].
Sacrifício e reparação: a identificação
com Cristo
O acontecimento de Fátima é um convite a
colaborarmos com os desígnios de misericórdia,
segundo o exemplo dos três pastorinhos. A pergunta
que lhes foi dirigida em 13 de maio de 1917 é-nos
dirigida também a nós: «Quereis oferecer-vos
a Deus para suportar todos os sofrimentos que Ele quiser
enviar-vos, em ato de reparação pelos pecados
com que Ele é ofendido e de súplica pela
conversão dos pecadores?»[35].
Os pastorinhos foram respondendo desde logo com a oração,
pois no seu ato de adoração a Deus estão
presentes os outros: «Meu Deus, eu creio, adoro,
espero e amo-Vos. Peço-Vos perdão para os
que não creem, não adoram, não esperam
e não Vos amam»[36]. A partir das primeiras
palavras do Anjo, foram descobrindo que a sua vocação
era uma missão e que o dom recebido levava consigo
a entrega da própria vida em favor dos outros.
A urgência das necessidades dos outros reclamava
a penitência, o sacrifício e a reparação.
O sacrifício do cristão só pode ser
vivido a partir da oração e como oração.
Partindo da sua profunda união com Deus, os pastorinhos
tomaram consciência de que os outros são
tão importantes que se sacrificaram por eles. Foi
assim despertando a sua responsabilidade: não podiam
abandonar o pecador na sua culpa ou o que sofre no seu
sofrimento. Como dirá mais tarde Lúcia,
não podiam ir felizes para o céu sozinhos,
não poderiam ser felizes sem os outros[37]. O convite
à conversão e à reparação
desafia-nos a não nos resignarmos diante da banalização
do mal, a vencermos a ditadura da indiferença face
ao sofrimento que nos cerca.
Neste caminho de purificação pessoal para
a solidariedade está presente uma espiritualidade
que aprofunda as suas raízes no núcleo do
mistério cristão. Esta espiritualidade educa-se
e concretiza-se em práticas que alimentam a atitude
teologal e a identificação com Cristo: na
Eucaristia, em que Cristo se faz sacramentalmente presente,
e na oração do Rosário, em que Ele
se faz narrativamente presente na meditação
dos seus mistérios.
A partir da experiência tão íntima
com Deus e da confiança que a Senhora lhes comunica,
os pastorinhos dão testemunho do triunfo do Amor
que abraça a criação inteira e que
transparece no Coração Imaculado de Maria.
Precisamente sob o pano de fundo da visão do inferno,
as palavras da Senhora ganham relevo: «Por fim,
o meu Imaculado Coração triunfará»[38],
em última análise, o triunfo do amor de
Deus que se revelou à humanidade. Deste modo, a
mensagem de Fátima converte-se num hino de esperança.
Como disse o cardeal Ratzinger[39], a Virgem Maria não
provoca medo nem faz previsões apocalíticas,
mas conduz ao Filho, ao essencial da revelação
cristã. Repetiu-o como papa: a mensagem de Fátima,
condensada na promessa da Senhora, é «como
uma janela de esperança que Deus abre quando o
homem lhe fecha a porta»[40].
Fátima no futuro da Igreja, de Portugal e do mundo
Pedagogia evangelizadora da espiritualidade de Fátima
Na sua dupla dimensão mística e profética,
Fátima – na sua mensagem e no seu Santuário
– tem uma missão a cumprir na Igreja e no
mundo: ser farol e estímulo para a conversão
pastoral da Igreja e critério e bússola
a orientar o compromisso dos cristãos nos conflitos
do nosso mundo.
A espiritualidade de Fátima, que acompanha e sustém
as peregrinações, purifica e eleva atitudes
puramente naturais da religiosidade para as transformar
em atitudes filiais. Oferece a pedagogia da mistagogia:
através da figura de Maria e dos três pastorinhos,
torna possível o encontro com o Deus Trindade,
na sua beleza e na sua proximidade, como experiência
salvífica. Mostra, desta forma, como é insuficiente
todo o projeto de autorredenção, que tanto
seduz os nossos contemporâneos. O nosso Deus não
é autoritário nem concorrente do ser humano,
mas fonte de esperança e de humanização.
Fátima irradia assim o dinamismo evangelizador
apoiado na piedade popular, isto é, na «espiritualidade
encarnada na cultura dos simples» de que fala o
papa Francisco: como «maneira legítima de
viver a fé, um modo de se sentir parte da Igreja
e uma forma de ser missionários»[41]. Peregrinar,
caminhar juntos, leva-nos a sair de nós próprios
e a abrirmo-nos aos outros, escutando-os e partilhando
a própria existência, com o espírito
missionário e sinodal que se espera hoje da Igreja.
É particularmente significativa a atenção
que em Fátima se dá aos mais frágeis
e vulneráveis – as crianças, os doentes,
os idosos, as pessoas com deficiência, os migrantes
– que neste lugar e na sua proposta espiritual encontram
hospitalidade, cuidado, rumo e energia.
Uma Igreja com rosto mariano
A mensagem de Fátima inspira a Igreja a encontrar
e a aprofundar os traços do seu rosto mariano.
Acolhendo esta interpelação, a Igreja, sacramento
universal da salvação, é levada a
acolher com Maria e como ela a missão que procede
de Deus, a seguir Jesus como discípula fiel e crente,
a ser sensível às necessidades dos próximos
e aos clamores dos distantes, a estar disposta a permanecer
junto à cruz, a assumir o peso da incompreensão
e da perseguição, a irradiar a glória
e as primícias da ressurreição, a
ser “hospital de campanha” que sai ao encontro
dos feridos e não “alfândega”
que fecha as portas. A Igreja, que encontra consolação
e força no coração maternal de Maria,
atuará, assim, como mãe dos batizados e
oferecerá cuidado maternal aos que a veem de fora,
qualquer que seja a distância a que se encontrem.
Maria, como nova Eva, é para cada cristão
um modelo do ser humano, convidando-o à conversão
pessoal: ainda que desapareçam as ditaduras, melhorem
as condições económicas e se eliminem
os conflitos bélicos, tem de ser erradicada a tentação
de domínio que se instala no coração
humano. Maria, imaculada e assunta e, por isso, modelo
de humanidade, ajuda a compreender a graça como
dom que nos transforma, a fidelidade como disposição
que nos humaniza, a generosidade e o serviço como
expressão de respeito pelos outros, o amor universal
como dignificação de todos os filhos de
Deus.
A Igreja encontra, assim, em Nossa Senhora do Rosário
de Fátima, da Senhora do Coração
Imaculado, e na sua mensagem um valioso instrumento catequético
para a sua vida e missão de evangelizadora no nosso
milénio.
Anúncio profético da misericórdia
e da paz
A mensagem de Fátima alimenta também o compromisso
profético com o mundo presente face às injustiças
e a todos os fenómenos de exclusão, qualquer
que seja a sua raiz. Desde a sua génese, o acontecimento
de Fátima revela os desígnios de misericórdia
que Deus desejava realizar através dos pastorinhos
sob o olhar maternal da Mãe de Jesus. Concluído
o Ano Santo da Misericórdia, é necessário
conservar e desenvolver este manancial, dar o primado
à misericórdia, numa cultura contemporânea
que a quer erradicar, como dizia São João
Paulo II e o papa Francisco nos recorda na Bula Misericordiae
vultus. A misericórdia é o que nos impele
a abrir o coração ao outro, aprisionado
pelo mal ou pelo sofrimento, e a sermos sensíveis
às interrogações recordadas pelo
papa Francisco em Lampedusa[42] e que já Bento
XVI tinha exposto em Fátima[43]: «Onde estás,
Adão? Onde está o teu irmão? Somos
capazes de chorar diante da exclusão e da marginalização
de que padecem os mais débeis?».
Fiéis ao carisma de Fátima, somos chamados
a acolher o convite à promoção e
defesa da paz entre os povos, denunciando e opondo-nos
aos mecanismos perversos que enfrentam raças e
nações: a arrogância racionalista
e individualista, o egoísmo indiferente e subjetivista,
a economia sem moral ou a política sem compaixão.
Fátima ergue-se como palavra profética de
denúncia do mal e compromisso com o bem, na promoção
da justiça e da paz, na valorização
e respeito pela dignidade de cada ser humano.
A missão dos cristãos manifesta-se no esforço
por tentar tudo fazer, para que o poder do mal seja detido
e continuem a crescer as forças do bem. Na fortaleza
da Mãe revela-se a fortaleza de Deus; e nesta convicção
se aviva e revitaliza a fortaleza dos crentes.
No trilho da imensa multidão dos peregrinos que
desejam beber do Evangelho nas fontes de Fátima
e se confiam ao cuidado materno da Senhora do Rosário,
a Igreja rejubila com o dom do acontecimento de Fátima
neste seu centenário. O seu Santuário continua
como lugar de refontalização da fé
e de vivência eclesial. A sua mensagem interpela-nos
e incita-nos a seguirmos o caminho da renovação
interior, apoiados na afirmação de Jesus,
o filho de Maria: «Tem confiança: Eu já
venci o mundo» (Jo 16,33). Na medida em que por
ela se deixar habitar, a comunidade dos crentes pode oferecer
ao mundo a Luz de Deus que preenche o Coração
cheio de graça e misericórdia da Virgem
Mãe, custódia da inabalável esperança
no triunfo do amor sobre os dramas da história.
Fátima, 8 de dezembro de 2016, Solenidade da
Imaculada Conceição da Virgem Santa Maria
[1] Lúcia de Jesus, Memórias da Irmã
Lúcia. Vol. I, 15.ª ed., Fátima 2011,
p. 173.
[2] Francisco, Exortação apostólica
Evangelii Gaudium, n.º 119.
[3] Manuel Gonçalves Cerejeira, «Fátima
e a Igreja», in Obras Pastorais. Vol. II (1936-1942),
Lisboa 1943, p. 272.
[4] Memórias da Irmã Lúcia. Vol.
I, p. 181.
[5] Documentação Crítica de Fátima.
I. Doc. 3, p. 34.
[6] Cf. Lúcia de Jesus, Como vejo a mensagem
através dos tempos e dos acontecimentos, 2.ª
ed., Fátima 2007, p. 13.
[7] Cf. Bento XVI, Oração a Nossa Senhora,
Capela das Aparições, Fátima, em
12 de maio de 2010.
[8] Cf. Bento XVI, Discurso no encontro com os bispos
de Portugal, Fátima, em 13 de maio de 2010.
[9] João XXIII, Carta ao Patriarca de Lisboa
por ocasião da segunda peregrinação
de Portugal a Fátima, em 8 de outubro de 1961.
[10] Memórias da Irmã Lúcia. Vol.
I, p. 177.
[11] Francisco, Homilia da Missa no Sacrário
de Redipuglia por ocasião do centenário
do início da Primeira Guerra Mundial, Redipuglia,
em 13 de setembro de 2014.
[12] João Paulo II, Homilia da Missa de dedicação
da Igreja Paroquial ao Coração Imaculado
de Maria, Zakopane, em 7 de junho de 1997.
[13] Memórias da Irmã Lúcia. Vol.
I, p. 171.
[14] Memórias da Irmã Lúcia. Vol.
I, p. 170.
[15] Memórias da Irmã Lúcia. Vol.
I, p. 145.
[16] Memórias da Irmã Lúcia. Vol.
I, p. 170.
[17] Memórias da Irmã Lúcia. Vol.
I, p. 141.
[18] Memórias da Irmã Lúcia. Vol.
I, p. 145.
[19] Memórias da Irmã Lúcia. Vol.
I, p. 145.
[20] Memórias da Irmã Lúcia. Vol.
I, pp. 139 e 140.
[21] Cf. Memórias da Irmã Lúcia.
Vol. I, p. 56.
[22] Memórias da Irmã Lúcia. Vol.
I, p. 55.
[23] Cf. Memórias da Irmã Lúcia.
Vol. I, p. 130.
[24] Memórias da Irmã Lúcia. Vol.
I, p. 190.
[25] Cf. Lúcia de Jesus, Apelos da Mensagem de
Fátima, 4.ª ed., Fátima 2007, p.
42.
[26] Memórias da Irmã Lúcia. Vol.
I, p. 34-35.
[27] Memórias da Irmã Lúcia. Vol.
I, p. 144.
[28] Concílio Vaticano II, Lumen Gentium, n.º
56.
[29] Cf. Lumen Gentium, n.º 57.
[30] Cf. Lumen Gentium, n.º 60-62.
[31] João Paulo II, «Mensagem ao bispo
de Leiria-Fátima por ocasião do 80.º
aniversário das aparições milagrosas
de Nossa Senhora», in L’Osservatore Romano
(edição em língua portuguesa),
18 de outubro de 1997, p. 4.
[32] Bento XVI, Regina Coeli, Esplanada do Santuário
de Aparecida, em 13 de maio de 2007.
[33] Bento XVI, Encontro do papa Bento XVI com os jornalistas
durante o voo para Portugal, em 11 de maio de 2010.
[34] Joseph Ratzinger, «Comentário Teológico»,
in Congregação para a Doutrina da Fé,
A mensagem de Fátima. O Segredo, Lisboa 2000,
p. 50.
[35] Memórias da Irmã Lúcia. Vol.
I, p. 173.
[36] Memórias da Irmã Lúcia. Vol.
I, p. 169.
[37] Cf. Como vejo a mensagem através dos tempos
e dos acontecimentos, p. 32.
[38] Memórias da Irmã Lúcia. Vol.
I, p. 177.
[39] Cf. A Voz da Fátima, novembro 1996.
[40] Bento XVI, Discurso de saudação à
chegada a Portugal, em 11 de maio de 2010.
[41] Francisco, Exortação apostólica
Evangelii Gaudium, n.º 124, citando a V Conferência
Geral do Episcopado Latino-americano e do Caribe, Documento
de Aparecida (29 de junho de 2007), n.º 263 e 264.
[42] Francisco, Homilia da Missa pelas vítimas
dos naufrágios, Lampedusa, em 8 de julho de 2013.
[43] Bento XVI, Homilia da Missa no 10.º aniversário
da beatificação de Francisco e Jacinta,
Fátima, 13 de maio de 2010.
|
|