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Igreja, tudo aberto!»:
Papa Francisco orienta Jubileu da Misericórdia
Noites da
Misericórdia na Vigararia de Loures / Odivelas
Com esta reflexão chegámos ao umbral do
Jubileu, está próximo [8 de dezembro]!
Diantede nós está a grande porta da Misericórdia
de Deus, uma porta bela, que acolhe o nosso arrependimento oferecendo a graça do seu perdão.
A porta está generosamente aberta, mas nós
devemos corajosamente atravessar o umbral cada um de nós tem dentro de si coisas que pesam, ou não? Todos somos pecadores, aproveitemos este momento que está a chegar e
atravessemos o umbral desta misericórdia de Deus, que nunca se cansa de perdoar, entremos por esta porta, coragem!
Do Sínodo dos Bispos, que celebrámos no
passado mês de outubro, todas as famílias
e a Igreja inteira receberam um grande encorajamento a encontrarem-se no umbral desta porta aberta.
A Igreja foi encorajada a abrir as suas portas,para sair com o Senhor ao encontro dos filhos e filhas a caminho, às vezes incertos, às
vezes perdidos, nestes tempos difíceis. As famílias
cristãs, em particular, foram encorajadas a abrir
a porta ao Senhor que espera para entrar, levando a sua bênção e a sua amizade.
E se a porta da misericórdia de Deus está
sempre aberta, também as portas das nossas nstituições devem estar abertas para que
todos possamos sair a levar a misericórdia de Deus;
isto significa o Jubileu, deixar entrar e sair o Senhor.
O Senhor nunca força a porta: também Ele
pede permissão para entrar, não força
a porta, como diz no livro do Apocalipse: «Eis que estou à
porta e bato» (imaginemos o Senhor que bate á
porta do nosso coração); «se alguém
escuta a minha voz e me abre a porta, Eu entrarei em sua casa, cearei com ele e ele comigo» (3,20).
E na última grande visão deste livro, assim
se profetiza da Cidade de Deus: «As suas portas
nunca se fecharão durante o dia», o que significa
para sempre, porque «não mais será
noite» (21,25). Foram colocadas no mundo em que
não se fechavam as portas à chave. Ainda
as há, mas não são tantas onde as
portas blindadas se tornaram normais. (…)
Não devemos render-nos à ideia de dever
aplicar este sistema a toda a nossa vida, à vida
da família, da cidade, da sociedade. E muito menos
à vida da Igreja. Seria terrível. Uma greja inospitaleira, tal como uma família encerrada sobre si mesma, mortifica o Evangelho e seca o mundo. Nada de portas blindadas na Igreja, tudo aberto!
A gestão simbólica das “portas”
– dos umbrais, das passagens, das fronteiras – tornou-se crucial. A porta deve proteger, certamente, mas não rejeitar. A porta não deve ser forçada,
ao contrário, pede-se permissão, porque a
hospitalidade resplandece na liberdade do acolhimento, e obscurece-se na prepotência da invasão.
A porta abre-se frequentemente para ver se do lado de fora há alguém que espera, e talvez
não tenha a coragem ou até a força de bater.
Quanta gente perdeu a confiança, não tem a coragem
de bater às portas do nosso coração
cristão, das nossas igrejas, e estão aí, tirámos-lhes
a confiança; por favor, isto não pode tornar
a acontecer.
A porta diz muito da casa, e também da Igreja.
A gestão da porta requer discernimento atento
e, ao mesmo tempo, deve inspirar grande confiança. Queria prestar uma palavra de gratidão por todos os guardiões das portas:
dos nossos condomínios, das instituições
civis, das próprias igrejas. Muitas vezes a cortesia e a
gentileza da portaria são capazes de oferecer
uma imagem de humanidade e de acolhimento a toda a casa, logo desde a entrada.
(… Na verdade, sabemos bem que nós próprios
somos os guardiães e os servos da Porta de Deus, que é Jesus. Ele ilumina-nos em todas as
portas da vida, incluindo a do nosso nascimento e da nossa morte. Ele próprio o afirmou: «Eu
sou a porta: se alguém entra através de
mim, será salvo; entrará e sairá e encontrará
pastagem» (João 10,9).
Jesus é a porta que nos faz entrar e sair. Porque
o redil de Deus é um refúgio, não
uma prisão! A casa de Deus é um refúgio, não
uma prisão! São os ladrões que procuram evitar a porta,
porque têm más intenções,
e se introduzem no redil para enganar as ovelhas e aproveitar-se delas. Nós devemos passar pela porta e ouvir a
voz de Jesus: se ouvimos o seu tom de voz, estamos seguros, estamos salvos. Podemos entrar sem medo e sair sem perigo.
Neste belíssimo discurso de Jesus, fala-se também do guardião que tem a tarefa de
abrir ao Bom Pastor (cf. João 10,2). Se o guardião
escuta a voz do Pastor, então abre e faz entrar
todas as ovelhas que o Pastor leva, todas, incluindo as perdidas nos bosques, que o Bom Pastor foi à procura. As ovelhas não as
escolhe o guardião, não o secretário paroquial,
mas o Bom Pastor. O guardião, também ele, obedece
à voz do Pastor. Por isso podemos muito bem dizer que nós devemos ser como esse guardião.
A Igreja é a guardiã da casa do Senhor,
não a proprietária.
A Santa Família de Nazaré [Jesus, Maria,
José] sabe bem o que significa uma porta aberta ou fechada, para quem espera um filho, para quem não tem refúgio, para quem deve escapar
ao perigo. As famílias cristãs façam
dos seus umbrais de cada um pequeno grande sinal da Porta da misericórdia e do acolhimento de Deus. É precisamente assim que a Igreja deverá
ser reconhecida, em cada canto da terra: como a guardiã de um Deus que bate, como acolhimento de um Deus que não te fecha a porta com a desculpa que não é de casa.
Com este espírito estamos todos próximos
do Jubileu, estará a Porta Santa e a porta da misericórdia de Deus grande e a do nosso coração, para receber e dar o perdão
a todos aqueles que se aproximarem da nossa porta.
Papa Francisco
Audiência geral, Vaticano,
18.11.2015
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