Paróquia de Santo António dos Cavaleiros
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Somos mais do que um acidente da evolução. Somos maiores do que o somatório de nossa parte biológica. Deus existe. Ele é bom! Ele nos ama. E nos fez à sua imagem para partilharmos de sua alegria. Ele assume um papel ativo em nossas vidas. Enviou seu único filho para restaurar nossa dignidade e nos conduzir de volta à sua casa.

Pastoral da Família - Um plano para a vida e o amor que nos sustenta

I. Criados para a alegria
Somos mais do que um acidente da evolução. Somos maiores do que o somatório de nossa parte biológica. Deus existe. Ele é bom! Ele nos ama. E nos fez à sua imagem para partilharmos de sua alegria. Ele assume um papel ativo em nossas vidas. Enviou seu único filho para restaurar nossa dignidade e nos conduzir de volta à sua casa.
Um plano para a vida e o amor que nos sustenta
1. O ensinamento cristão sobre o matrimónio provém do coração da nossa fé. Por esta razão, podemos começar por uma revisão básica da história da Igreja. Nosso Deus não é inacessível e distante. Cremos que Deus se revela a si próprio na pessoa de Jesus Cristo. Jesus é a fonte de nossa esperança, fé, amor e alegria que deve animar a vida da família cristã. Ele é a razão que fundamenta a sabedoria da fé cristã. Tudo o que é oferecido nesta catequese provém do próprio Jesus
2. Como disse recentemente o Papa Francisco, “prometer um amor que dure para sempre é possível quando se descobre um desígnio maior que os próprios projetos, que nos sustenta e permite doar o futuro inteiro à pessoa amada.” Contudo, vivemos em uma época de um ceticismo mundano e arraigado a respeito de qualquer “desígnio maior” ou experiência mais elevada da existência humana. Para muitas pessoas, a pessoa humana é algo um pouco mais do que um acidente da evolução: átomos de carbono com atitude. Em outras palavras, para muitos, não há propósito maior algum do que quaisquer significados que construamos para nós mesmos.
3. Em uma época de tecnologia sofisticada e de riqueza material, este tipo de ponderação sem Deus pode soar pertinente. Mas ao fim, trata-se de uma visão muito limitada do que somos enquanto mulheres e homens. Visão que prejudica a dignidade humana e contribui para que as almas continuem famintas, visto que esta visão não é verdadeira.
4. De fato, ansiamos por sentido na vida. Um anseio por propósito é uma experiência humana universal. Desta forma, os seres humanos sempre fizeram perguntas básicas como: Quem sou eu? Por que estou aqui? E, Como devo eu viver? A fé cristã emergiu no antigo mundo intercultural de gregos, romanos, hebreus e outras culturas do mediterrâneo. Era um mundo no qual muitas respostas distintas às questões básicas da vida lutavam por domínio.
5. Nossa situação atual é similar. Assim como no mundo antigo, as culturas de hoje se justapõem e se intercambiam. Assim como naquela época, as filosofias de vida competem e oferecem visões distintas do que torna boa a vida. Ao mesmo tempo, o sofrimento e a pobreza também abundam, assim como o cinismo – em algumas culturas – em contraponto a qualquer religião ou filosofia que conclama a oferecer segurança e verdade de forma ampla.
6. Vivemos uma época de confusão com tantas respostas conflitantes. Muitas pessoas hoje procuram honestamente por sentido, mas não sabem em quem confiar ou ao que comprometer suas vidas.
7. Em meio às incertezas, os cristãos são pessoas que confiam em Jesus Cristo. Apesar das ambiguidades da história humana, o modo católico de vivenciar a esperança e a alegria, o amor e o serviço, se fundamenta no encontro com Jesus. Como nos fala São João Paulo II em sua primeira encíclica: a “revelação do amor e da misericórdia tem na história do homem uma forma e um nome: chama-se Jesus Cristo”. Tudo o mais provém disso. Jesus Cristo é o fundamento da fé cristã.
Jesus nos revela Deus e o seu desígnio é manifestado
8. Na Sagrada Escritura, Jesus pergunta aos seus discípulos: “E vocês, quem dizem que eu sou?” (Mt 16, 1320). Ao longo de dois mil anos, a história humana tem-se voltado para esta questão. Os cristãos são pessoas que tendo encontrado Jesus de diversas maneiras pelo testemunho dos santos e dos apóstolos, por meio da Bíblia e dos sacramentos, na oração e no serviço aos pobres, na adoração e também por meio dos amigos e da família – tornam-se capazes de confiar em Jesus e junto a Pedro afirmarem: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo” (Mt 16, 16).
9.Entre tantas coisas que Ele fez na Terra, embora diante do sofrimento pessoal, Jesus perseverou no amor. Ele foi crucificado por mãos humanas e ainda assim ressuscitou vitorioso sobre a morte. Uma vez que o próprio Deus sofreu nesta intensidade, os cristãos creem que Deus não permanece alheio à condição humana. Não cremos em um deus excêntrico ou em alguma deidade em competição com os seres humanos. O Deus em quem confiamos nos quer ver florescer. Graças a Jesus Cristo, os católicos possuem a confiança no amor de Deus por nós. Assim nos fala o Papa Francisco em sua primeira encíclica: Ao homem que sofre, Deus não dá um raciocínio que explique tudo, mas oferece a sua resposta sob a forma duma presença que o acompanha, duma história de bem que se une a cada história de sofrimento para nela abrir uma brecha de luz. Em Cristo, o próprio Deus quis partilhar connosco esta estrada e oferecer-nos o seu olhar para nela vermos a luz. Cristo é aquele que, tendo suportado a dor, Se tornou “autor e consumador da fé” (Hb 12, 2).
10. Em certo sentido, toda a teologia cristã é um tratado sobre o que significa dizer que Deus se fez homem, morreu e ressuscitou. A presença de Deus na carne humana de Jesus significa que o Criador transcendental do mundo é também ao mesmo tempo nosso Pai: imanente, afetuoso e íntimo. O Deus Uno e Trino sempre permanecerá um mistério infinito, e ainda assim, este mesmo Deus se tornou um certo homem no tempo e no espaço definidos. Deus se fez tão vulnerável quanto um bebé em uma manjedoura ou um homem pregado numa cruz. Jesus ensinou, discursou, riu e chorou. Sua morte e ressurreição significam que embora seja Deus inefavelmente misterioso, e Ele não é opaco. É por meio de Jesus que somos capazes de falar com confiança sobre Deus e sua verdade divina.
11. Jesus fala de si mesmo como Filho do Pai, e juntamente com o Pai, envia Seu Espírito para estar com seu povo. É d’Ele que aprendemos que a natureza de Deus é uma eterna comunhão das três pessoas divinas, o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Por meio do batismo em sua Igreja, Jesus convida a todos a serem parte da aliança de Deus e da comunhão divina. A história de Israel, e, ulteriormente a da Igreja, é a história com significado universal, pois esta é uma convocação para vivermos como povo de Deus e participar da comunhão divina.
Jesus revela nossa identidade humana e nosso destino
12. Jesus revela quem é Deus, o Deus que nos ama e toma a iniciativa de nos alcançar. Contudo, Jesus também revela o que significa ser humano. O Concílio Vaticano II, ao se referir a Jesus como “Palavra” de Deus, ensina: “Na realidade, o mistério do homem só no mistério do Verbo encarnado se esclarece verdadeiramente.” Em Jesus Cristo, aprendemos a verdade sobre nós mesmos, o que não poderíamos inventar e o que não conheceríamos de outro modo. Como afirma a Bíblia: “a vossa vida está escondida com Cristo em Deus.” (Col 3,3). Os católicos creem que Deus ama o mundo de forma muito intensa (cf. Jo 3,16), e, assim sendo, não nos deixa à deriva, ao contrário, Deus assume nossa carne para desvelar quem Ele é e quem nós somos. Esclarece-nos o Concílio Vaticano II: A razão mais sublime da dignidade do homem consiste na sua vocação à união com Deus. É desde o começo da sua existência que o homem é convidado a dialogar com Deus: pois, se existe, é só porque, criado por Deus, por amor, é por Ele, por amor, constantemente conservado. Como o Papa Bento XVI enfatizou no último encontro mundial com as famílias, em Milão, em 2012, “O amor é o que faz da pessoa humana a autêntica imagem da Trindade, imagem de Deus.”
13. A expressão “imagem de Deus” provém do Livro do Génesis (cf. Gn 1, 2627, 5,1 e 9,6). Esta afirmação sugere que cada pessoa singular é preciosa com dignidade única e irredutível. Apesar de ser possível abusar das pessoas ou usá-las, não se pode apagar esta verdade a respeito da forma como Deus nos criou. Nossa dignidade fundamental não está contingente aos fracassos ou conquistas. A bondade de Deus e o seu amor por nós é anterior e muito mais relevante do que qualquer pecado humano. A imagem de Deus permanece em nós, não importa o que façamos para obscurecê-la. Termos sido criados à imagem de Deus sugere que nossa verdadeira realização e alegria residem em conhecer, amar e servir uns aos outros, como Deus o faz.
14. Falar do homem e da mulher enquanto “imagem de Deus” significa que não podemos falar da humanidade sem referência a Deus. Se a natureza de Deus consiste na comunhão trinitária – Pai, Filho e Espírito Santo – e se fomos feitos a esta imagem, então nossa natureza deve ser interdependente. Para sermos uma pessoa, precisamos de comunhão. “Ser pessoa à imagem e semelhança de Deus comporta, pois, também um existir em relação, em referência ao outro ‘eu’.” Para que sejamos nós mesmos, precisamos uns dos outros e precisamos de Deus. Precisamos de alguém para amar e alguém que nos ame. Para sermos aquilo para o que fomos criados, devemos nos doar ao nosso próximo. “O ser pessoa [...] não se pode alcançar ‘senão por um dom sincero de si mesmo’. Modelo de tal interpretação da pessoa é Deus mesmo como Trindade, como comunhão de Pessoas. Dizer que o homem é criado à imagem e semelhança deste Deus quer dizer também que o homem é chamado a existir ‘para’ os outros, a tornar-se um dom.” Para salvar nossas vidas precisamos perdê-las para Deus (cf. Mt 10,39; 16,25). Esta afirmativa teológica da pessoa humana se torna projeto de toda a teologia moral, incluindo o ensinamento católico sobre a família.
15. Podemos titubear com nossas fantasias e autossuficiência, contudo, fomos feitos à imagem de Deus – e se queremos viver como filhos e filhas de Deus, que de fato o somos, então precisamos acolher o chamado de Deus para amá-lo e para amar nosso próximo. Da mesma forma que Jesus revelou a natureza de Deus por meio de seu amor e sacrifício, também nós, de maneira mais profunda, aceitamos nossa real humanidade à medida que entramos em relações de amor e serviço aos nossos irmãos e irmãs e na adoração do Senhor.
16. Como o Vaticano II afirmou em sua reflexão sobre a dignidade humana, muitos ateus acreditam que “apenas a razão científica” pode nos fornecer tudo o que precisamos saber sobre nós mesmos, sem referência alguma a qualquer coisa para além do mundo natural. Contudo, os católicos sustentam que a teologia é essencial para a antropologia, isto é, acreditamos que uma compreensão de Deus e de seu propósito para a criação é vital para qualquer perceção dos seres humanos. Os católicos acreditam que a revelação divina em Jesus nos devolve a nós mesmos, revela quem somos e desvela-se, na amplitude do essencial, que a Deus pertencemos. Mas do que quaisquer medos, ambições ou questionamentos que tenhamos, é o amor de Deus o fundamento para a nossa identidade. Assim nos ensinou São João Paulo II logo ao início de seu pontificado: “O homem que quiser compreender-se a si mesmo profundamente — não apenas segundo imediatos, parciais, não raro superficiais e até mesmo só aparentes critérios e medidas do próprio ser - deve, com a sua inquietude, incerteza e também fraqueza e pecaminosidade, com a sua vida e com a sua morte, aproximar-se de Cristo.”
17. Jesus ao ensinar sobre o matrimónio refere-se ao plano e ao propósito de Deus na criação. Ao ser questionado pelos fariseus sobre uma questão a respeito do divórcio, em sua resposta ele lembra que Deus criou os seres humanos, homem e mulher, e marido e mulher se tornam uma só carne (cf. Mt 19, 312, Mc 10, 212). De forma similar, quando o Apóstolo Paulo escreve aos coríntios sobre a ética sexual, ele os faz lembrar daquela união de uma só carne entre o homem e a mulher na Criação (cf. 1Cor 6, 16). Quando escreve aos Efésios (cf. Ef 5, 32) sobre o tema do matrimónio, novamente ele lhes diz que isto é um “profundo mistério”, o qual se refere a Cristo e à Igreja. Ao escrever à Igreja de Roma, discorre sobre a natureza e a vontade de Deus revelada na Criação; fala ainda sobre os muitos pecados – incluindo o de natureza sexual – que se manifestam a partir de nosso afastamento do conhecimento do Criador (Rm 1, 1832).
O amor é a missão da família
18. A este ponto já deveria estar claro por que “O amor é a nossa Missão” é o tema do Encontro Mundial das Famílias. Um dos documentos papais mais importantes do século XXI – Familiaris consortio, de São João Paulo II – sintetizou como o ensinamento católico sobre as naturezas, humana e divina, moldam as bases sobre as quais deveríamos viver: Deus criou o homem à sua imagem e semelhança: chamando-o à existência por amor, chamou-o ao mesmo tempo ao amor. Deus é amor e vive em si mesmo um mistério de comunhão pessoal de amor. Criando-a à sua imagem e conservando-a continuamente no ser, Deus inscreve na humanidade do homem e da mulher a vocação, e, assim, a capacidade e a responsabilidade do amor e da comunhão. O amor é, portanto, a fundamental e originária vocação do ser humano. O amor de Deus nunca cessa de nos convocar. Não podemos desperdiçar este convite. Fomos criados à imagem de Deus e, apesar da realidade do pecado humano, a vocação implícita à nossa criação é indelével.
19. A visão católica sobre o matrimónio, família e sexualidade pertencem a uma missão mais ampla, a fim de se viver de um modo que torne o amor de Deus visível e radiante. O vivenciar desta missão torna o nosso dia-a-dia mais vivo com a alegria de Deus. A pessoa humana como um todo – corpo e alma, nossa masculinidade e feminilidade e tudo aquilo que disso deriva – está implicada no convite de Deus. O subtema deste Encontro Mundial das Famílias é “a família plenamente viva”, e isso por uma boa razão. A família encontra-se mais plenamente viva quando abarca o convite divino para sermos os filhos e filhas, vocação à qual fomos criados.
20. Nossa época encontra-se confusa e incerta. Jesus Cristo é uma âncora de total confiança. A dignidade humana jaz de forma segura em Jesus, o Deus que se fez homem. Jesus revela quem é Deus e quem somos nós. Em Jesus encontramos um Deus que nos alcança, que cria comunhão e nos convida a partilhar de sua alegria. Fomos feitos à imagem de Deus e chamados à comunhão com Ele e uns com os outros. Este amor oferece propósito e molda todos os aspetos da vida humana, incluindo a família.
Questões para partilha
• O que há em Jesus que o torna totalmente confiável?
• Que coisas em sua vida o distraem de Jesus? O que o ajudaria a tornar-se mais familiar ou até mesmo íntimo dele?
• O que a afirmação “criados à imagem de Deus” significa? É possível compreender a identidade humana sem Deus? Por que sim ou por que não?
• O tema desta catequese é “O amor é a nossa missão”. O que significa “amor” em sua vida? O quanto a missão de amar afeta suas escolhas, prioridades e ambições?

 
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