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TAMBÉM HOJE A VOZ DO SENHOR CHAMA CADA UM A CUIDAR DO OUTRO
Reflexão para a Quresma/Páscoa de 2012 da Comissão Nacional Justiça e Paz

A justificada importância que a Igreja atribui ao tempo da Quaresma pode acabar por fazer com que deixemos para segundo plano o facto de que o objetivo desse tempo privilegiado é o da celebração da Páscoa do Senhor a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo.

Antes do mais, a mudança de vida que os tempos reclamam não é apenas individual. Sendo, sem dúvida, também individual, a mudança tem de abranger grupos e instituições, comportamentos e critérios de ação tudo no sentido de remover as causas que conduziram à crise, evitar novas crises semelhantes, e renovar a solidariedade e a justiça social no seio da sociedade portuguesa.

Amplos sectores da população portuguesa debatem-se com problemas elementares de subsistência, suscitados pela crise e pelas drásticas políticas de austeridade introduzidas pelo Governo. É sabido que essas medidas não atingem todos da mesma maneira e que alguns indivíduos e grupos mantêm a vida folgada que tinham antes da crise, quando muito com modificações mínimas e insignificantes. Quer isto dizer que, se bem que a redistribuição do rendimento e da riqueza não seja, por si só, a «solução» para o problema, é, sem dúvida uma medida necessária. Sabemos como os governos se veem limitados para reforçar práticas redistributivas. Razões objetivas, subjetivas e ideológicas cerceiam fortemente políticas que reduzam a riqueza e os rendimentos mais avultados. Os debates havidos neste domínio, quer no país quer no âmbito das instituições europeias, têm sido suficientemente expressivos para que se não devam esperar, pelo menos no imediato, como é necessário, medidas de forte impacte redistributivo.

Neste contexto, ninguém está isento de trabalhar por medidas mais justas e eficazes, designadamente no sentido de uma decidida promoção do crescimento económico, dependente não só do Estado mas também da iniciativa privada, e de suscitar por parte dos órgãos próprios da EU medidas compatíveis com as respectivas responsabilidades. Entretanto, há que apelar às consciências, para que, por via de comportamentos voluntários, individuais e de grupo, da sociedade civil, se faça aquilo que o Governo e a Assembleia da República se não dispõem a fazer. E que às demais tentações se não acrescente a que segreda que só valem donativos vultuosos que resultam da mobilização da sociedade integral. Entende a CNJP que em matéria de distribuição de recursos no nosso país, os critérios éticos exigem dos possidentes muito mais do que aquilo que legalmente lhes tem sido exigido. Ao dizê-lo, temos subjacente a noção de que o verdadeiro conceito de caridade pressupõe o cumprimento da justiça.
(...)
A atenção aos outros e a ponderação dos problemas que se nos deparam devem servir de critério para revermos o nosso estilo de vida. É sabido que o modelo económico e financeiro que desembocou na crise que atravessamos se caracterizou, além do mais, pelo «consumismo». Uma das consequências desse tipo de cultura foi a de «viver para além das posses», com recurso a operações de crédito fácil, estimuladas pelas instituições financeiras. Porém, um outro aspeto, não menos grave, foi o da generalização de um modelo de felicidade centrado em bens de consumo (coisas), os quais vieram progressivamente ocupando o lugar de dimensões verdadeiramente humanas da felicidade. Do mesmo passo, as sociedades ocidentais (e não só) viveram as últimas décadas sob uma forte exaltação do «individualismo», ou seja, sob um grave défice da «atenção aos outros».

Todos estaremos mais ou menos afetados por esse individualismo consumista, que agora se confronta com duas propostas sérias. A primeira consiste no abandono do consumismo e na busca de um modelo de felicidade que tenha autenticidade humana. A segunda está na chamada de «atenção aos outros» feita pelo Papa Bento XVI, querendo significar uma atitude de “observar bem, estar atento, olhar conscienciosamente, dar-se conta de uma realidade”, incluindo não só o bem material, mas também o bem espiritual dos outros. Se bem que distintas, são ideias estreitamente relacionadas entre si.

 

 
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