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O Ano Sacerdotal é, antes de
mais, um ano para que toda a Igreja possa olhar a realidade
daquele sacerdócio que participa do sacerdócio
de Cristo cabeça, pastor e servo. Olhar e compreender
o dom que é para si e para o mundo. Dom que, por
isso, esta Igreja reza e suplica de Deus para que continuamente
se reavive em todos os sacerdotes da Igreja. E para que
encontre a disponibilidade e generosidade de corações
que se disponham a ser sacramento do sacerdócio
eterno de Cristo, em cada geração.
Deste Cristo, o sacerdote recebe o seu código genético,
ele não é do mundo, por isso, não
é atribuição do mundo definir segundo
critérios e concepções horizontais
a sua identidade. Nem é fruto de condições
sócio-culturais ou religiosas favoráveis,
é puro dom de Deus concedido antes de mais e sobretudo
à comunidade cristã para a edificação
da Igreja (S. Tomás).
Mas é também um dom para agradecer. “Ele
foi ordenado para actuar em nome de Cristo-Cabeça,
para ajudar os irmãos a entrar na vida nova aberta
por Cristo, para lhes dispensar os seus mistérios:
a Palavra, o perdão e o Pão da Vida, para
os reunir no seu Corpo e ajudá-los a formar-se
interiormente, para viver e actuar segundo o desígnio
salvífico de Deus” (João Paulo II).
E agradecer mesmo quando isto não é possível
porque as circunstâncias são adversas, a
simples presença, o testemunho silencioso de fé
em ambientes indiferentes ou não cristãos...
Porque o sacerdócio ministerial é um sinal
do amor salvador que o Senhor Jesus dedica à Igreja,
uma comunidade que não pode criá-lo antes
deve estar disposta a aceitá-lo, porque o recebe
do Espírito, não pode, senão obedecer
ao mandato de Jesus: Rogai ao Senhor da Messe para que
envie trabalhadores para a sua messe (Mt 9,38)
Será ainda um ano naturalmente importante para
os padres, para que reavivam o dom que lhes foi conferido
pela imposição das mãos, cuidando-o
em si próprios. “Diariamente somos chamados
à conversão. Mas, neste Ano, o somos de
um modo todo particular, juntamente com todos os que receberam
o dom da ordenação sacerdotal. Para que
conversão? Converter-se para ser sempre mais autenticamente
aquilo que somos. Conversão à nossa identidade
eclesial para que o ministério seja totalmente
consequente com tal identidade, a fim de que uma renovada
e gozosa consciência do nosso “ser”
determine o nosso “agir”, ou melhor, ofereçamos
espaço a Cristo Bom Pastor, a fim de que viva em
nós e actue através de nós”
(D. Mauro Piacenza) Não apenas a partir das perspectivas
dos instrumentos e instituições eclesiais
de comunhão mas a partir dos processos reais pessoais
da própria comunhão.
As comunidades eclesiais começam a dar-se conta
que na figura do padre se joga uma parte muito importante
e decisiva da igreja. O sacerdócio ministerial
é indispensável para a existência
de uma comunidade eclesial (Bento XVI) e por consequência
para garantir a identidade e a autenticidade e para gerar
e regenerar a comunidade cristã.
Seja este Ano Sacerdotal ocasião para compreender
na fidelidade de Cristo o caminho para a fidelidade do
sacerdote, de cada baptizado e de toda a Igreja.
Pe. Jorge Madureira
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