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Referência incontornável
deste Ano Sacerdotal será sem dúvida o Santo
Cura d’Ars, de quem se celebra século e meio
sobre a sua morte. Por si só, pastor sem igual
-como o definiu João Paulo II- cumprimento pleno
do ministério sacerdotal e da santidade do ministro,
poderia constituir todo um programa para este ano. Morreu
em Ars a 4 de Agosto de 1859, depois de quarenta anos
de entrega abnegada, quando contava setenta e três
anos. Quando chegou a Ars encontrou um povo esquecido
da arquidiocese de Lyon, que é actualmente de Belley.
No final da sua vida, ali acorriam pessoas de toda França,
e a sua fama de santidade, após a sua morte, cedo
chamou a atenção da Igreja Universal. São
Pio X beatificou-o em 1905, Pio XI canonizou-o em 1925
e em 1929 declarou-o patrono dos párocos de todo
mundo. “A sua paróquia que apenas tinha 230
pessoas, com a sua chegada, mudará profundamente.
Recordamos que naquele povo havia muita indiferença
e muito pouca prática religiosa entre os homens.
O bispo tinha advertido João Maria Vianney: “Não
há muito amor a Deus nesta paróquia, tu
o porás”. Mas muito cedo, inclusive de fora
do seu povo, o Cura veio a ser o pastor de uma multidão
que chega de toda a região, de diversas partes
de França e de outros países. Fala-se de
80.000 pessoas no ano 1858. Têm que esperar às
vezes muitos dias para o poder ver e se confessar. O que
atrai não é certamente a curiosidade nem
a própria reputação justificada,
pelos milagres e curas extraordinárias, que o santo
procurava ocultar. É sobretudo o pressentimento
de encontrar um santo, surpreendente pela sua penitência,
tão familiar com Deus na oração,
que sobressai pela sua paz e a sua humildade no meio do
sucesso junto do povo, e sobretudo tão intuitivo
para corresponder às disposições
interiores das almas e libertá-las dos seus pesos,
particularmente no confessionário.” (João
Paulo II)
A par deste acompanhamento espiritual e da confissão,
ocupa particular destaque na sua vida a Eucaristia. À
sua preparação e celebração
devotava uma intensidade que em todos causava fascínio,
compreendia que cuidava da obra de Deus, dom mais excelente
a que nada se podia comparar. “A comunhão
e o santo sacrifício da Missa são os dois
actos mais eficazes para conseguir a transformação
dos corações”, dizia. Aí recobra
permanentemente alegria e ardor para o seu ministério.
A vida e a personalidade do Cura de
Ars são, em todos os aspectos um exemplo luminoso
e atraente: para as comunidades cristãs como para
a sociedade perceber o que é realmente importante
no ministério do padre e no seu serviço
poderá passar certamente pelo conhecimento deste
homem de Deus e da Igreja; para os que se preparam para
o sacerdócio compreendendo bem o seu testemunho
de vida e a sua vontade obstinada em preparar-se para
ser sacerdote; para os próprios padres sê-lo-á
igualmente porquanto encontrem nele modelo de vida e de
serviço sacerdotal. Inspiração para
manter vivo em si o dom inefável do seu próprio
sacerdócio. Precisam da sua intercessão
para fortalecer numa resposta crescente ao amor de Deus,
confiantes na força do dom recebido no dia da ordenação
que renova cada dia a vida espiritual e faz enfrentar
com renovada criatividade a tarefa de gerar Cristo em
si próprio e nos outros.
Pe. Jorge Madureira
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