Religiosa trouxe a Fátima testemunho sobre
guerra na Síria
Relatos de Misericórdia na primeira
pessoa marcaram Jornadas Missionárias
(clique na imagem)
Fátima, 19 set 2016
(Ecclesia) – As Jornadas Missionárias
que decorreram entre sábado e domingo, em Fátima,
contaram com a participação da irmã
Myri, monja contemplativa na Síria que relatou
à Agência ECCLESIA a ajuda humanitária
que as religiosas de Antioquia prestam à população.
“O mosteiro foi atingido, mas Deus não quis
que a comunidade partisse. Sentimos que foi a mão
de Deus que não nos deixou partir. Ficámos.
Somos para a população um meio para os encorajar
a recomeçar a sua vida”, disse a religiosa
portuguesa sobre a situação de crise que
vive no Convento de São Tiago Mutilado, em Qarah.
O perigo “de ter de perder tudo, o trabalho de
uma vida, os preços são altíssimos,
a ausência de estabilidade e de esperança”
torna a população num “vulcão
em ebulição”.
“A população depende da ajuda humanitária”,
sublinha a Irmã Myri que acredita numa vontade
de “erradicar o cristianismo no Médio Oriente”.
“Sente-se o êxodo forçado dos cristãos
do Oriente. Hoje perderam muita coisa, as suas casas e
tiveram de sair das suas vilas. Há várias
vilas formadas a partir dos primeiros cristãos
convertidos por São Paulo e Santa Tecla perdidas”,
assinala.
Apesar do relato de sofrimento, a irmã Myri traduz
a vontade de permanência na ajuda aos que mais necessitam.
“Levamos em nós o sofrimento do povo. É
um grande sofrimento o que está a acontecer e não
poder fazer grande coisa. A nossa única esperança
é a fé e as promessas que foram feitas nas
escrituras”, prossegue.
O presidente da Comissão Episcopal ‘Missão
e Nova Evangelização’, que abriu o
encontro, quis sublinhar a importância de “avivar
o ardor missionário”, de forma coincidente
com o “aumento de geminações entre
dioceses e paróquias de Portugal e dos quatro cantos
do mundo”.
“É necessário avivar o ardor missionário
e o tema escolhido atrai e faz partir ao encontro do outro
como Missão recebida de Jesus. É urgente
aprofundar a comunhão e colaboração
com a Igreja local”, apontou D. Manuel Linda.
As Jornadas Missionárias quiseram mostrar o “testemunho
pessoal” de quem vive no terreno “a misericórdia
de Deus”, procurando formas de mostrar que vale
a pena “doar a vida”.
“São histórias, não são
conferências: é o testemunho pessoal, a história
de cada um que vive no terreno a misericórdia de
Deus”, explicou à Agência ECCLESIA
o padre António Lopes, diretor das Obras Missionárias
Pontifícias (OMP) e missionário do Verbo
Divino, responsável pela organização
do encontro que teve como tema ‘Missão com
histórias de misericórdia’.
Cerca de 250 pessoas quiseram conhecer os relatos de
quem “doa a vida pelos outros” e opta pelo
verbo “ser em detrimento do ter”.
“Há mais gente para o ser do que para o
ter. O ter está na mão de poucos: são
10 ou 20% os que têm o mundo na mão. 80%
da população vive na pobreza e isso é
que origina todas as convulsões sociais e a exploração
nos países de 3º mundo. O missionário
é o homem do ser, que apresenta não o que
tem mas o que é”, assinala o diretor das
OMP.
O comunicado de conclusões, enviado à Agência
ECCLESIA, aponta o testemunho do padre José Vieira,
missionário comboniano que viveu a misericórdia
no Sudão do Sul “no encontro de corações”,
dentro de um contexto de guerra civil “que continua
a massacrar um povo pobre”.
Na partilha do missionário da Boa Nova, o padre
Adelino Ascenso, os participantes puderam encontrar uma
pessoa que procurou viver a missão segundo a prática
de Jesus: “Débil, companheiro e maternal”.
Os participantes escutaram também o relato do
leigo da Consolata, Luís Fernandez, que partiu
com a esposa para a Amazónia e onde “partilhou
a sua vida e a luta em defesa dos povos indígenas”.
LFS/LS/OC
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