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Cada um dos três anos ou ciclos em que está
organizado o Leccionário dominical, lemos os evangelistas
sinópticos (lemos S. João todos os anos
nos tempos fortes). Nos domingos deste ano A lemos o Evangelho
de S. Mateus.
Este Evangelho, apesar de não ser o primeiro escrito
do Novo Testamento (algumas cartas de S. Paulo são
anteriores), nem sequer é o primeiro Evangelho
(seguramente o de Marcos é anterior), desde os
tempos mais antigos foi considerado o Evangelho mais completo
e comentado e pode-se dizer que foi aquele que exerceu
maior influência na vida e na tradição
da Igreja.
Cada evangelista dá uma cor diferente ao relato
que faz das obras e das palavras de Jesus, desde a sua
infância ou aparição na vida pública
até à sua morte e ressurreição.
Mateus depende muito de Marcos e Lucas, mas dá
à sua escrita uma personalidade própria.
Como é impossível ler todo o Evangelho durante
os domingos de um ano, seleccionaram-se, no Leccionário
do ciclo A, aquelas passagens que são mais próprias
de Mateus e que não se repetem nos outros evangelistas.
- Mateus distingue-se porque no seu Evangelho abundam
mais as palavras que os acontecimentos, apesar de encontrarmos
descritos nalguns dos seus milagres. Mateus dá
importância ao ensino de Jesus. Estes ensinamentos
de Jesus, Mateus organiza os em cinco grandes “discursos”
ou sermões: o sermão da montanha, o discurso
da missão, as parábolas do Reino, a exortação
sobre a vida da comunidade e o discurso escatológico.
- O Evangelho de Mateus está marcado pelas grandes
afirmações ou confissões cristológicas:
Ele é o “Deus connosco”.
- Outra característica de Mateus são as
citações abundantes do Antigo Testamento,
querendo com isso demonstrar que Jesus cumpre as promessas
do Antigo Testamento, sendo o Messias anunciado pelos
profetas. Pode dizer-se que o fio condutor de Mateus
é “Jesus, Messias de Israel e Senhor da
Igreja”.
- Mateus fala da Igreja mais que nenhum outro evangelista.
A Igreja é o novo Israel, o novo povo de Deus.
Desde os primeiros séculos o Evangelho de Mateus
foi considerado como “o Evangelho do Reino”
ou “o Evangelho da Igreja”. Dentro dela
tem particular importância a figura de Pedro.
Mas é o Senhor Jesus, o ressuscitado, o que está
sempre presente na sua comunidade como seu Senhor e
seu Mestre. Mateus narra os acontecimentos históricos
pensando na comunidade que o escuta e o lê agora,
a comunidade pós-pascal.
- Mateus tem passagens muito próprias, como a
genealogia de Jesus, os relatos da sua infância,
algumas parábolas exclusivas, o primado de Pedro,
a fórmula trinitária do baptismo…
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