Paróquia de Santo António dos Cavaleiros
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A propósito da Canonização do Beato Nuno de Santa Maria

Santo Condestável ou Beato Nuno

Habituados que fomos a ouvir pronunciar o nome de “Santo Condestável”, há ainda muita gente que não identifica o Santo Condestável com Nuno de Santa Maria, que no mundo se chamou Nuno Álvares Pereira, mas professou na Ordem do Carmo, com o simples nome de Nuno, um donato leigo oferecido a Santa Maria, em comunhão com a fraternidade carmelita residente no Convento do Carmo, em Lisboa, acima do Chiado.

Nuno Álvares foi nomeado Condestável do Reino por D. João I. Condestável era, nos finais do século XIV, o título equivalente a Chefe das Forças Armadas, e, na qualidade de Condestável levou Portugal à vitória nas múltiplas batalhas contra os Castelhanos. Finda a guerra, e proclamada a paz, o Condestável desprendeu-se do mundo e das suas glórias e doou a parte mais importante do seu património à Ordem em que decidira fazer-se Monge. Neste período da sua vida, pela consideração que tinha pelos pobres e pelos exemplos de piedade, ganhou logo, entre o povo, o cognome de Conde Santo, ou mais vulgarmente Santo Condestável, e, nesta qualidade aprofundou-se o culto, de cariz popular, mas aceite pela hierarquia de modo informal. Deu-se o nome de Santo Condestável a muitas ruas e escolas em muitas localidades, e até lhe foram dedicadas igrejas paroquiais, em Lisboa e Bragança, por exemplo, tornando-se também Padroeiro secundário do Patriarcado de Lisboa.

No entanto esta espécie de canonização popular não recebera a aprovação do Sumo Pontífice, e nem chegou a concretizar-se. A longa demora da aprovação do culto ao Santo Condestável acabaria por focar o monge, apresentado, não como Condestável, mas como Nuno de Santa Maria, com o título canónico de Beato Nuno de Santa Maria. Assim ele será chamado nos documentos e livros canónicos da Igreja. Mas a tradição popular mantém a ideia de Santo Condestável, bastando que todos saibamos que ele e o Beato Nuno são a mesma pessoa, beatificada em 1918, e, agora, em vias de canonização.

BEATIFICAÇÃO E CANONIZAÇÃO

Sabemos como Nuno Álvares Pereira foi consagrado com o nome de Beato Nuno de Santo Maria e que, agora, se perspectiva a sua canonização. Qual a diferença?

A beatificação é uma sentença não definitiva do Papa, pela qual é permitida a certos fiéis o culto público de um servo de Deus, ou se prescreve o mesmo para determinados fiéis. A beatificação prepara a sentença definitiva, que consiste na canonização. Os beatos podem ser figurados em imagens de culto, mas essas imagens não têm auréola na cabeça do beato, ao qual não se podem dedicar igrejas e têm o culto público limitado a certo número de dioceses ou a um Ordem Religiosa. O Beato Nuno tem festa a 6 de Novembro, a principal sendo, por um lado, a celebrada pelo Patriarcado de Lisboa, e, por outro, pelos ramos das Ordens Carmelitas. Os processos de beatificação de fiéis muito antigos eram complexos, não havendo exigência de milagre comprovado, dada a antiguidade do culto, como o caso do Beato Nuno, cuja Beatificação assentou, por um lado, numa comprovada continuidade de um culto público durante séculos; e, por outro, nos testemunhos escritos dos seus contemporâneos que atestaram as suas virtudes heróicas. Digamos que, de certo modo, ser beato é quase ser Santo, faltando-lhe apenas a sentença de santidade.

De facto, canonização é o acto solene de estrita competência do Papa, pelo qual (acto) o Papa pronuncia uma sentença definitiva que insere no catálogo (canon) dos seus santos determinada pessoa que já gozava do culto próprio dos beatos. Não pode haver canonização sem prévia beatificação, sendo exigidas duas condições: um processo (positivo) em que se confirmem as provas de santidade e virtudes heróicas, e a prova de milagre (s) após a beatificação.

Enquanto o culto derivado da beatificação é limitado, como vimos, o culto derivado da canonização é determinado para toda a Igreja Universal.

Tanto o processo de beatificação como o da canonização têm de ser submetidos ao exame da Sagrada Congregação para a Causa dos Santos, que, mediante os pareceres dos teólogos propõe (ou não) a canonização ao Papa.

No dia 3 de Julho de 2008 o Papa autorizou a publicação de dois decretos – um atestando as virtudes heróicas, outro atestando a validade do milagre ocorrido na pessoa de Guilhermina de Jesus, Vila Franca de Xira, que recuperou a vista sem os médicos terem achado causas naturais.

Pinharanda Gomes

 
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